Adiar a decisão de prestar vestibular pode ser produtivo

Ter a chance de adiar o vestibular e a escolha da carreira provavelmente é o sonho de boa parte dos estudantes do ensino médio. Para quem tem a oportunidade de fazer essa pausa pode ser interessante, desde que não perca de vista o ingresso na faculdade, de acordo com a avaliação de especialistas ouvidos pela Folha.

Um intercâmbio no exterior e/ou um período de cursinho no ano seguinte ao término do colégio são produtivos não só para amadurecer a ideia de que curso seguir, mas também para tornar a fase de preparação para o vestibular mais tranquila. “Alguns alunos não se sentem ainda aptos para fazer as provas ou não estão seguros da carreira escolhida. Então resolvem dar uma parada. O importante é nunca desviar o foco da universidade”, avalia Silvana Leporace, coordenadora do departamento de orientação educacional do Colégio Dante Alighieri, em São Paulo.

Com o tempo, a probabilidade de tomar uma decisão mais consciente e acertada aumenta e, assim, diminui a evasão no ensino superior por descontentamento com a carreira. “É uma fase bastante confusa para o estudante, que se vê diante de muitas opções, inclusive de cursos novos, alguns ainda meio desconhecidos”, pondera Marisa Ester Aldecoa Rosseto, assessora psicopedagógica do ensino médio do Colégio Marista Arquidiocesano, em São Paulo. Para ela, decidir pela viagem ou cursinho no outro ano não quer dizer que esteja fugindo das obrigações. “O jovem sabe que terá de resolver esse assunto no futuro”, finaliza.

A orientadora profissional, Maria Ana Marabita, mestre na área pela Unicamp, lembra que vantagens e desvantagens sempre existem ao se fazer escolhas. “Mesmo que isso gere angústia e ansiedade no jovem, essa situação será importante para encarar responsabilidades, riscos, consequências e possibilidades de ganhos e perdas. Isso é fundamental para qualquer indivíduo: fortalece os enfrentamentos diários e constantes, inclusive para os vestibulares”, aponta. No entanto, ela dá um conselho. “Não se deve adiar oportunidades apenas para não se estressar ou por medo de fracassar”, explica.

Outro aspecto relevante é a participação da família na decisão. O diálogo entre pais e filhos deve ser aberto e os benefícios de adiar o vestibular, ponderados, inclusive por causa da questão financeira. “A família deve estar de acordo em deixar a pressão e a cobrança de lado por um tempo. E o estudante tem que entender que, após o intercâmbio, voltará ao ritmo de estudo normal”, ressalta Osmar Antônio Ferraz, coordenador de vestibular do Colégio Bandeirantes.

O período de intercâmbio, na opinião dele, deve ser de, no máximo, seis meses. “Assim, o estudante consegue estudar no outro semestre para as provas”, comenta.

Incógnita 

A profissão que irá seguir é uma incógnita para Yasmin Yumi Kinoshita da Silva, 17. No último ano do ensino médio, ela afirma gostar das áreas de humanas e biológicas, mas não está nem perto de se decidir. “Acho Educação Física interessante, mas também não me vejo depois de formada trabalhando nessa área”, fala. Yasmin conta que explicou a situação para os pais, que concordaram com que ela sobre a viagem no ano que vem. “Assim, consigo focar na escola agora e depois tiro um tempo para pensar no que fazer”, explica. O destino ainda é incerto, talvez Estados Unidos, mas, isso é algo que ela poderá escolher sem pressa.